Isolado no PPS, Juninho se alia a Hartung para se fortalecer nas eleições de 2016
O prefeito de Cariacica vinha se queixando que estava sendo alijado do processo eleitoral por Luciano Rezende. “Não posso ser tratado como mais um”', reclamou
Um almoço com empresários na tarde desta segunda-feira (11), em Cariacica, representou o apoio do prefeito Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), à candidatura ao governo de Paulo Hartung (PMDB). Há uma semana, Juninho vinha dando pistas de que poderia abandonar o palanque do governador Renato Casagrande para embarcar na campanha de Hartung. Ele nega que o almoço tenha selado o apoio a Hartung. Juninho insiste que continua aberto para o diálogo com todos os candidatos, leia-se Casagrande.
Embora repita o discurso que não esá fechado definitivamente com ninguém, no almoço com empresários, lideranças políticas e sociais de Cariacica, Juninho mostrou que está com o pé no palanque de Hartung. Durante a recepção ao candidato do PMDB ao governo, o prefeito de Cariacica elogiou o legado que o então governador deixou a Cariacica. "Ele é um homem extramamente capaz, que merece a oportunidade de governar o Estado novamente, se o povo assim entender. Coloco-me à disposição desta caminhada", afirmou.
Apesar da declaração de apoio à candidatura de Hartung, a insatisfação de Juninho não seria propriamente com o candidato do PSB, mas com o prefeito de Vitória e presidente regional do PPS, Luciano Rezende. O prefeito de Cariacica vinha se queixando que estava sendo alijado do processo eleitoral por Luciano.
Os dois prefeitos vêm se estranhando desde 2004, quando Juninho passou a construir sua própria trajetória dentro do PPS. No processo eleitoral deste ano, Juninho havia assumido a posição do partido de apoiar Casagrande. Há cerca de três semanas, quando o governador esteve em Cariacica, o prefeito chegou a declarar publicamente que seu candidato ao governo era Casagrande.
Depois, subitamente, mudou o discurso e passou a conversar com o ex-governador Paulo Hartung. A aproximação com o peemedebista se intensificou na semana passada, quando o prefeito primeiro se disse neutro, mas deixou pistas de que poderia pular em definitivo para o palanque de Hartung, o que acabou se confirmando.
Ao ameaçar deixar o palanque socialista, a estratégia de Juninho era chamar a atenção do comando do PPS e do governador. O prefeito de Cariacica reivindicava participação igualitária na mesa de negociações que estava definindo o palanque de Casagrande.
Juninho, primeiro, viu seu plano de lançar o deputado estadual Sandro Locutor (PPS) na vice de Casagrande ser frustrado. Além de não encaixar Locutor, o prefeito de Cariacica teve que “engolir” o vereador licenciado Fabrício Gandini, também do PPS, como vice na chapa do socialista.
Nos bastidores, pessoas próximas a Juninho confidenciavam que Luciano Rezende estava deixando o prefeito cariaciquense à margem do processo eleitoral, com cada vez menos espaço. Esse cerco de Luciano teria empurrado Juninho para os braços de Hartung.
Novo revés viria com a tentativa de Juninho de pedir apoio de Casagrande e do PPS à candidatura de Amaro Neto (PPS). O prefeito queria garantir o jornalista na disputa à Câmara dos Deputados na vaga de Gandini, mas Luciano teria, mais uma vez "melado" a articulação do prefeito de Cariacica. O presidente regional do PPS impôs como candidato a deputado federal seu vice, Waguinho Ito. A decisão de Luciano obrigou Amaro a se lançar para estadual, a contragosto de Juninho, que não aceitou mais este golpe.
Em entrevista a Século Diário, na semana passada, Juninho chegou a desabafar: “Não posso ser tratado como mais um”. Ele reivindicava espaço político à altura do município. Afinal de contas, Cariacica tem o quarto maior colégio eleitoral do Estado, com 250 mil eleitores, apenas 10 mil a menos que Vitória.
A tensão entre Luciano e Juninho na disputa por espaço no PPS se acirrou mais a partir de 2012, quando ambos conquistaram mandatos para prefeito. Juninho sempre reclamou que Luciano “puxa” o partido para o fortalecimento do seu grupo político, em detrimento de outras lideranças do PPS que estão fora da Capital, caso do prefeito de Cariacica.
Essa disputa por espaço ficou insustentável na discussão do processo eleitoral deste ano. Sem espaço no PPS, Juninho se acolhe nos braços de Hartung para assegurar sua reeleição em 2016.
Do outro lado, Luciano, que desde as eleições de 2012 passou a ser desafeto de Hartung, tenta garantir sua sobrevivência política fiando na reeleição de Casagrande.
Nem Juninho, nem Luciano estão na disputa eleitoral deste ano, mas o resultado das urnas no dia 5 de outubro pode selar o futuro político dos dois prefeitos, dentro e fora do PPS.
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