Após 28 dias, líder comunitário que denunciou agressão ambiental é liberado da cadeia, é o fim do mundo!
Flavia Bernardes ; Foto capa: Gustavo Louzada
O líder comunitário José Geraldo Lazarini (foto) foi solto nessa quinta-feira (2), após permanecer 28 dias na cadeia. Ele foi preso no dia 3 de fevereiro deste ano, após disparar um tiro para o alto para defender sua residência, no bairro Ulisses Guimarães, em Vila Velha. O líder comunitário teve a sua casa apedrejada por duas vezes, na segunda, reagiu para não ter o seu telhado quebrado por grandes pedras.
“Eu não sou bandido e vou fazer um grande café da manhã para os meus amigos para explicar toda a situação. Foram dias em dias em que vivi a omissão do poder público, que deveria me proteger, para que eu não precisasse viver com medo”, ressaltou Lazarini. A falta de proteção desde que sua casa foi alvejada será denunciada à Tribuna Popular, da Assembleia Legislativa.
Vivendo à base de medicamentos, desde que protocolou a denúncia contra um aterro ilegal em outubro de 2011, pela empresa registrada no nome de Dailton Perim, CNPJ 450141837-00, Lazarini teve sua casa alvejada em setembro de 2011, durante uma reunião para discutir o aterro. A informação é que a obra tinha licença apenas para atividade de pátio de estocagem, armazém ou depósito de material de construção.
“Lazarini precisou chegar ao absurdo de cometer a irregularidade de comprar uma arma para se defender! A que ponto de desespero ele, que é uma pessoa de bem, chegou, por não ter a devida proteção por parte dos órgãos competentes. Sua família e comunidade continuam sofrendo com intimidações”, declarou, em nota, o Fórum Popular em Defesa de Vila Velha, na ocasião da prisão.
Segundo a advogada de Lazarini, Marta Lopes, o pedido para que o líder comunitário responda pelo crime em liberdade foi feito logo após a prisão. Mas, apesar de ser um defensor da comunidade, primário, que não iria se ausentar da Justiça, devido os trâmites burocráticos, só foi solto nessa quinta-feira (1).
Durante o período que esteve preso, a casa de Lazarini foi invadida e diversos objetos de valor como televisão, som, computador e câmera fotográfica utilizada para denunciar as agressões ambientais foram roubados. Sob constante ameaça desde a denúncia do aterro, em 2011, e sem proteção das autoridades, familiares afirmam que Lazarini utilizou a arma apenas para assustar quem atacava sua residência durante a madrugada, mas acabou preso pela polícia, por porte ilegal de arma.
Lazarini é coordenador do Fórum de Desenvolvimento Social e Econômico da Região 5 de Vila Velha, entidade fundada há 10 anos, responsável por discutir problemas dos 22 bairros e 13 comunidades rurais, como educação, segurança, saúde e, ultimamente, o meio-ambiente.
Na ocasião da denúncia contra o aterro, feita ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e à prefeitura de Vila Velha, a informação era de que Lazarini ficaria sob proteção policial e do Conselho Estadual de Direitos Humanos. Entretanto, a proteção não impediu a ação dos agressores.
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